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17/11/2022

Startups na América Latina: resiliência e intercâmbio alimentam tendência de crescimento

Startups na América Latina: resiliência e intercâmbio alimentam tendência de crescimento


por Ana Carolina Lahr


Entre os mercados emergentes, o da América Latina é visto como um dos mais promissores do mundo, principalmente em termos de inovação e empreendedorismo. A região oferece grandes oportunidades: somente em 2021, mais de 2,1 mil startups da América Latina foram vendidas para investidores estrangeiros, rendendo um valor aproximado de US$ 14,3 bilhões aos desenvolvedores. Os números foram apresentados no relatório da pesquisa Panorama LatAm, divulgado em julho deste ano pela Movile. 


Compilando os resultados de 5 anos de investimentos de risco no Brasil, México, Colômbia e Argentina, a análise desenha um cenário bastante aquecido e em ascensão que chegou ao ápice em 2021. A tendência de crescimento é tida como consequência de um ecossistema cada vez mais maduro, no qual as startups conseguem valuations maiores a cada rodada.


Esse fator ganha especial importância no cenário vivido no segundo semestre deste ano, onde há uma nova restrição de capital em todo o mundo. 


Características para o sucesso 


De maneira geral, empreendedores em mercados emergentes têm uma capacidade inata de fazer mais com menos recursos e têm uma mentalidade mais pragmática que leva a modelos de negócios resilientes e duradouros. 


Especificamente na América Latina, a tecnologia tem o potencial de enfrentar muitos dos desafios econômicos e de negócios vividos pelas indústrias. Isso é o que acredita Christel Moreno, advogada especialista em startups e venture capital que, em artigo à Exame, observa que os empreendedores dessa parte do globo já mostraram sua resiliência ao longo dos ciclos. 


Para ela, outra característica que favorece a região é o crescente intercâmbio cruzado entre os países. “A combinação de sólidos fundamentos de investimento e um círculo crescente de fortes parceiros de venture capital locais e internacionais permitirá que a América Latina supere os desafios atuais e permaneça viável como um destino de longo prazo para investidores internacionais”, diz a advogada. 


A percepção é fundamentada no conceito near-sharing, que destaca a possibilidade de países menos desenvolvidos não só colaborarem com a mão de obra em países mais desenvolvidos como terem em troca um intercâmbio de conhecimento.


O movimento é estudado pelo professor Fabian Salum, da Fundação Dom Cabral, que é também responsável pelo desenvolvimento da metodologia de mapeamento e reconhecimento do impacto positivo das startups por meio de evidências. 



A metodologia desenvolvida pelo docente é aplicada há 3 anos no Selo iImpact, uma iniciativa desenvolvida ao lado da também docente da Fundação, Karina Coleta, e da Innovation Latam, startup responsável pelo desenvolvimento de uma plataforma de gestão do ecossistema de inovação em diversas frentes. 


A contribuição do Selo iImpact para o avanço do ecossistema inovador da América Latina têm sido bastante relevante – somente em 2020 e 2021, validou o trabalho de 143 negócios de impacto socioambiental na América Latina e até o próximo mês divulgará os nomes das empresas que foram contempladas na terceira edição do evento. O objetivo é, cada vez mais, reforçar o seu papel de aproximação e a colaboração entre os players do ecossistema de impacto.